Menina Expulsa Por Roubar Uma Colher de Leite. De Repente, Um Rico Aparece e…
**Diário Pessoal**
Hoje foi um dia que nunca vou esquecer. Ainda sinto os pés descalços da minha irmãzinha a tremer no calçada enquanto segurava os irmãos gémeos, os pequenos Lucas e Mateo, contra o peito. Tudo porque dei uma colher a mais de leite em pó para acalmar a febre deles. Os meus tios, Ricardo e Sandra, arrastaram-me para o meio da rua como se eu fosse lixo. A tia derramou o leite no chão e disse-me para ir mendigar se estava com tanta fome.
A culpa pesava-me como uma pedra. Eu só queria que parassem de chorar. O sol do meio-dia queimava o asfalto de Lisboa, e eu estava ali, sem saber para onde ir, até que um carro luxuoso parou ao nosso lado. Um homem saiu, olhou para nós como se visse algo que os outros ignoravam. Nunca vou esquecer o que ele disse: *”Vem comigo.”*
Chamo-me Sofia Alves, tenho 8 anos, e desde que os meus pais morreram num acidente de carro, vivo com os meus tios em Cascais. Eles nunca nos trataram bem. O tio Ricardo cheirava sempre a tabaco, e a tia Sandra tinha um olhar mais cortante que uma faca. Hoje, quando preparei o biberão, acrescentei uma colher a mais porque os meus irmãos estavam a arder de febre. A tia viu, chamou-me ladra, e antes que eu pudesse suplicar, já estávamos na rua.
Mateo tossia, e o corpo do Lucas estava a ferver. Agarrei-os com força, suplicando aos vizinhos que espreitavam pelas cortinas, mas ninguém veio ajudar. Até que aquele homem—David Ferrão, empresário de tecnologia do Porto—parou o seu carro. Ele nem hesitou. Ajoelhou-se ao nosso nível, tocou na testa do Lucas e disse, simplesmente: *”Vamos resolver isto.”*
Levou-nos ao seu carro, comprou leite em pó numa loja perto do Campo Grande e levou-nos para o seu apartamento. Os seus filhos gémeos, Miguel e Daniel, olhavam para nós com desconfiança, mas o David não ligou. Enquanto preparava os biberões com mãos firmes, perguntou-me: *”Há quanto tempo estão com febre?”*
*”Desde ontem à noite,”* respondi, envergonhada. Ele apenas acenou, como se já soubesse que aquela não era a primeira vez que eu pedia ajuda em vão.
Os meus tios não desistiram. No dia seguinte, apareceram com a polícia, alegando que o David nos tinha raptado. Mas a detetiva Maria Santos trouxe as provas—o relatório do carro dos meus pais, que mostrou que os travões foram adulterados. E depois, as fotos que o Miguel tirou no hospital, quando a tia Sandra tentou subornar uma enfermeira para falsificar o registo médico.
No tribunal, a juíza Rebeca Araújo não hesitou. *”Esta criança não volta para essa casa,”* disse, olhando fixamente para os meus tios. Eles foram levados algemados, e o David ficou com a nossa custódia.
Agora, meses depois, esta casa já não é silenciosa. O Daniel faz panquecas em forma de coração, o Miguel ensina o Lucas a bater palmas, e eu escrevo histórias sobre cheiros—o pão quente da manhã, a colónia do David quando nos abraça. Hoje, desenhei uma família no papel. Seis pessoas. Pendurámos o desenho na parede, e o David olhou para ele como se visse um fantasma. *”Era isto que a tua mãe queria,”* sussurrou.
À noite, jantamos todos juntos. Até o Héctor, o segurança do prédio, sorriu quando me viu com as mãos cheias de tintas.
O mal existe—nos tios, nos tribunais, nas pequenas crueldades do dia a dia. Mas o bem também. E às vezes, basta um homem parar o carro, uma colher de leite, um médico que aparece a horas. A bondade não precisa de ser grandiosa. Precisa apenas de estar lá.
Se algum dia vires uma criança na rua, pára. Não precisas de mudar o mundo—apenas o *dela*. Quem sabe se um dia, essa criança não será eu a agradecer-te?
**Sofia Alves Ferrão**
*(Porque agora, finalmente, tenho um nome que sinto ser meu.)*









Também acho estranho, essa parte não aparece sequer, o tal "pequeno apartamento" só é mencionado como estar em intenções de…